"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



terça-feira, 25 de setembro de 2012

[Cinema 2012]: O VINGADOR DO FUTURO (REMAKE)

(Total Recall, Len Wiseman, EUA, 2012)


Eu tenho a tendência a não gostar de remakes. E este novo O Vingador do Futuro, refilmagem do quase-clássico de 1990 com Arnold Scharzenegger, dirigido pelo mestre Paul Verhoeven, reafirma essa tendência.

Confesso que fiquei bem empolgado com o trailer, assim que o vi, mas depois que li que para apreciá-lo melhor era preciso “esquecer que o filme original existe”, pensei que vinha mais uma bomba a caminho.

Não chega a tanto, mas é impossível esquecer que o filme original existe assistindo isto aqui, já que o filme insiste em copiar descaradamente vários elementos do filme com Schwarza, incluindo situações, falas e até gags. Não teria sido mais fácil voltar ao conto original de Philip K. Dick (“We Can Remember It For You Wholesale” ou numa tradução aproximada “Nós lembramos por você por atacado”) que serviu de base para o filme de 1990 e fazer algo diferente, ainda que com semelhanças com o original? Ainda mais se levarmos em conta que os produtores deste remake afirmaram em entrevistas que acham o filme original “brega” o que torna a insistência deles em fazer tudo parecido com o original ainda mais sem sentido?

Eu nem ligaria tanto para isso, se as coisas copiadas para o remake trabalhassem a favor do filme, mas não é o caso. Toda aquela questão de paranoia do protagonista, se aquilo que ele vive é real ou não é diluído em cenas e mais cenas fantásticas de ação quase que ininterruptas, permeadas por efeitos especiais incríveis (não teria como ser menos, né?) e um visual espetacular, ainda que poluído com tanta informação que cansa os olhos. Não apenas isso, mas toda a conspiração que envolve o protagonista é também pisoteado pelo ritmo frenético do filme que parece mais interessado no que ele pode fazer do que em desenvolver quem ele realmente é. Aquela dicotomia “sou Hauser ou Quaid” que era determinante para as ações do herói no filme de 1990 é insignificante aqui. Também a possibilidade de tudo aquilo que o protagonista vive ser fruto do implante que comprou desaparece por completo nesta refilmagem.

O que mais me impressiona contudo, é que o filme original é mais complexo, com ação mais coesa, melhor desenvolvimento de tudo e é mais curto (108 minutos contra 120 da refilmagem). Demonstração inequívoca de que quando se tem um excelente diretor comandando a tropa (sim, estou falando do depravado Verhoeven), o resultado é diferente.

Engrossando ainda mais uma lista já grossa de filmes desnecessários, este novo Vingador do Futuro não é uma bomba, um insulto ao expectador. É apenas mais um filme bobildo, genérico, como os que Hollywood está se especializando em fazer cada vez mais.

2/5 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - parte 7




- Deus sustenta todas as coisas pela Sua Palavra (Hb 1:3). Para criar cada coisa Ele falou apenas UMA vez e as coisas foram acontecendo. Quantas vezes Ele precisa falar para que nós O obedeçamos?

- Um coração em ordem com Deus sabe como deve agir diante das circunstâncias.

- At 2:44-45: Repartir os bens não é uma ordem expressa, mas é uma resposta normal que todo o crente deve ter diante de situações semelhantes.

- Deus é dono também dos 90% da nossa renda.

- A correta compreensão de quem nós somos em Cristo deve nos levar à prática de como vivemos e isso inclui também a transformação radical de nossa visão sobre nossas posses, nossos recursos particulares, utilizando-os e regulando seu uso pelos princípios do benefício comum.

- O cristão deve aprender a utilizar aquilo que é de menor valor para obter o que é de valor inestimável.

- A ansiedade é resultado da inversão de valores espirituais por valores materiais.

- A comunhão é considerar as necessidades como sendo comum a todos, a fim de que todos possam ser supridos, tanto material, quanto espiritualmente.

- "No Novo Testamento, há mais imperativos que se referem à nossa comunhão uns com os outros do que aos nossos deveres no mundo ou até ao nosso relacionamento direto com Deus. Isso implica que meu relacionamento com Deus é medido mais pelos relacionamentos com outros cristãos do que qualquer outro fator" - Scott Horrell

- Comunhão só existe quando compartilhamos algo, seja material, emocional ou espiritual.

- É através de relacionamentos que as pessoas têm consciência de quem são, de que podem ser elas mesmas, sem disfarces, e, principalmente, é por meio dos relacionamentos que as pessoas podem reconhecer que precisam mudar e podem aceitar as outras pessoas nestas mesmas bases e, neste processo, edificam-se umas às outras, cooperando com Deus no processo de edificação não só do indivíduo, mas de  todo o grupo. E tudo isto é sinal de maturidade cristã. (Fp 2:3-4)

- Comunhão é não desistir ante a primeira dificuldade, nem desprezar o ambiente que Deus criou para o nosso crescimento: relacionamentos na igreja.

- "...prefiro ser um cristão em luta com os problemas de uma igreja imperfeita a ser um perfeito pecador fora dela." - Warren Wiersbe

- A realidade do culto de domingo não é real. A realidade é o que a gente enfrenta no dia a dia e como reagimos ao que enfrentamos e é esta a realidade que deve ser refletida no culto de domingo.

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

[Cinema em Casa]: FORÇA AÉREA UM


 Air Force One Movie Poster

(Air Force One, Wolfgang Petersen, EUA, 1997)


Eu gosto de filmes que se passam em aviões. Logicamente que um filme assim, terá alguma situação que porá a vida dos tripulantes e passageiros em risco, do contrário, o filme não servirá pra nada. Assim, é claro que é isto que acontece em Força Aérea Um, quando fanáticos russos, querendo a volta da URSS, invadem o avião do presidente dos EUA, o “avião mais seguro do mundo” e tocam o terror, cabendo ao presidente sair na base da porrada com os bandidos para salvar os passageiros e a sua família.

Um plot bem hollywoodiano, do jeitinho que os gringos gostam, rasgação de seda total em cima da figura do presidente da república, com direito a vilões cartunescos e unidimensionais, situações improváveis e inverossímeis. E por isso mesmo o filme tinha tudo para ser uma desgraça, ainda mais se visto no contexto pós-11 de setembro de 2001 em que estamos (lembrando que o filme foi lançado 4 anos antes). Ledo engano, o filme é quase-quase perfeito.

Creio estar diante de um caso clássico de “direção que salva o conjunto todo”. O roteiro escrito por Andrew W. Marlowe – que escreveria depois Fim dos Dias com Schwarznegger (1999) e último filme do Verhoeven em solo estadunidense – O Homem sem Sombra (2000), faz todo o esforço para tornar o filme intragável (e faz o mesmo com os outros dois filmes citados), produto feito para consumo exclusivo do expectador yankee. Mas ainda bem que no leme estava Wolfgang Petersen, que mesmo estando longe de seus dias de glória com O Barco (1981) e A História Sem Fim (1984), costura um filme tenso, com ação precisa e ininterrupta, usando e abusando de todas as possibilidades de suspense e fobias proporcionados pela premissa.

Mas não é só. O presidente é ninguém menos que Harrison Ford, o herói cinematográfico por excelência o que confere ao papel – e ao filme – um peso diferenciado. É justamente Ford, com a ajuda do Petersen, claro, que afasta um pouco do tom ufanista pregado pelo roteiro. Ajudam também na construção dessa tensão a vice-presidente vivida por Glenn Close em papel atípico do que está acostumada e, por outro lado, carimbando mais um vilão, Gary Oldman, ameaçador como de costume.

No pacote, vem junto também a vibrante trilha sonora do saudoso Jerry Goldsmith,  que dispensa maiores comentários.

Uma excelente pedida dentro do gênero de ação, que não insulta o expectador e entrega os “thrills” que promete. Se exibido em uma viagem de avião deve fazer um estrago

4/5

(revisto em Blu-ray) 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

[Cinema 2012] O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE

Extra Large Movie Poster Image for The Dark Knight Rises(The Dark Knight Rises, Christopher Nolan, EUA, 2012)

Quem diria que o talento de Nolan seria questionado até por aqueles que outrora o colocavam num pedestal. Mas aconteceu... De âncora para um realismo há muito buscado por uma grande parcela de expectadores, Nolan passou aqui para o mané dos absurdos, tecendo um roteiro descosturado, entupindo de personagens, abusando de licença poética, enfim... Nolan deve estar tendo os seus dias de Tim Burton...

Isto, para muita gente... Já pra mim...

Sou fã do Nolan, mas não fãzóide. O cara tem talento, mas tem limitações e elas tem se tornado visíveis a cada novo projeto. Por isso não me espanto com as falhas deste derradeiro Batman, uma vez que filme algum é perfeito - ainda mais os feitos hoje em dia - e também porque estou com um pouco de saco cheio de ficar buscando perfeições técnicas em um filme. Em uma época onde se investe horrores em um virtuosismo estético e em tramas excessivamente bem amarradas, onde você entende tudinho, mas faltando um elemento caríssimo, a ALMA, este O Cavaleiro das Trevas Ressurge me pareceu mais um grito "PAREI COM ESTA PORCARIA E VOU ME PREOCUPAR EM TENTAR FALAR ALGUMA COISA COM ESTE MATERIAL!"

E neste sentido, considerando o filme como o terceiro ato de uma grande peça, onde é necessário um desfecho, posso dizer com certa segurança que estou bem tendencioso a achar este filme novo, com todos os seus problemas, superior aos outros dois.

Pra começar, Nolan chuta de vez aquela visão estúpida que ele mesmo imprimiu em Batman Begins e que quase voltou em O Cavaleiro das Trevas. Nada de achar que aquele universo merece ser salvo, aqui ele mergulha-o em trevas profundas em que você chega à conclusão de que aquela cidade não merece salvação, mas ela merece o melhor que pode ter: um cara traumatizado, freak, cheio de conflitos, de culpa, chamado Bruce Wayne que aqui, está pagando o preço de ser o herói que a cidade precisa que ele seja, o de um ser maldito - uma das razões pelas quais acho tão equivocado o discurso aplaudido do amado Homem-Aranha 2. E neste contexto, surge Bane, o Hulk deste universo, cuja inteligência e carisma são proporcionais ao seu tamanho. Aí Batman precisa sair da aposentadoria em uma sequência emocionante, que se inspira certamente na graphic novel de Frank Millar, especialmente quando um policial veterano, ao ver o homem morcego correndo com sua moto atrás dos bandidos, diz a um policial rookie: "prepare-se garoto que você vai ver um espetáculo agora..." - explode a trilha de Hans Zimmer nos auto falantes da sala de cinema. O policial tem razão.

E pra terminar, Nolan encerra sua trilogia com os 5 minutos finais mais emocionantes do ano, em uma decisão artística ousada para o gênero de filme de super-herói de HQ, independentemente de qual for o seu entendimento para o que aconteceu naquele final. Quando o Comissário Gondon citou "Um Conto de Duas Cidades" de Charles Dickens (que também é citado no final parecido de Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan) foi que eu consegui compreender de forma mais profunda o que o protagonista buscava (e o que ele efetivamente conseguiu) e neste sentido, a cena onde a estátua do Batman é descoberta aos aplausos é emblemática e diz um sem número de coisas, mas no fim mesmo, resta Nolan que não apenas retratou um personagem de HQ, ele criou um personagem autêntico, que se vestia de morcego não só para ser o herói que alguém ali precisava ser, mas também como uma forma de lidar com seus próprios traumas, buscando uma redenção, o que faz dele um herói perfeito que entendeu que o verdadeiro heroísmo compele-o a abrir mão da própria vida em favor de algo maior ou de outros e que a sua redenção pode estar aí.

A constatação (de implicações bíblicas, vale frisar) bateu forte aqui e, no fim mesmo, o resultado não poderia ser outro: inspirador, não só para um certo policial que fecha o filme, indicando tanto um possível renascimento quanto um desfecho definitivo a ponto de não precisarmos mais de um filme do Batman (pois penso que Nolan esgotou aqui o assunto), mas para este que vos escreve que ao subir os créditos finais ao som da impactante música do Zimmer olhou para a sua esposa que devolveu a ele o seu olhar com as mesmas impressões aqui descritas. Two thumbs up!, Nolan...

O quê? O final ridículo do Bane? O subaproveitamento da Mulher-Gato (que entendo tem sua participação justificada na última cena do Alfred e que vale mais do que tudo o que ela fez antes)? Como Bruce Wayne chegou a Gothan sitiada sem um tostão no bolso? Aquela filosofia Yoda style (que é igual à filosofia de botequim do primeiro filme que muita gente babou) da prisão do Bane? Depois de tudo isso que eu falei, você me vem com essas? Meu, vá ver Os Vingadores, vai...

5/5  

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - parte 6



- O cristão não tem autonomia para "fazer contas" (ex: eu + obedecer a Deus = esse ou aquele problema/consequência). Obedeça e deixe que Deus faça as contas.

- Nosso coração é propenso em se agarrar à bobagens, é supersticioso ao extremo. Se há dúvida em fazer algo que Deus não mandou fazer, NÃO faça.

- Se eu não praticar a Palavra, eu posso esperar ser mal sucedido em TUDO o que eu fizer. Por outro lado, se eu praticar a Palavra, eu posso esperar ser bem sucedido em TUDO o que eu fizer. Não há outra forma de vida para o cristão.

- Nós precisamos ser ensinados à obedecer. Discipulado é isto.

- Cristo nunca ensinou algo que não tinha aplicação prática. Nós é que não enxergamos dessa forma e visualizamos um ou outro ensinamento que não nos serve na prática. Isso não existe.

- Nós somos meio gregos em nossa forma de pensar. Daí a criarmos "lacunas" entre o que Deus fala e o que efetivamente fazemos, gerando pensamentos como "eu acredito que a Bíblia é verdade, mas a realidade da minha vida é diferente e, portanto pede outro tipo de atitude".

- Quando a pessoa não decide, ela já decidiu.

- Quando sabemos que o ensino dado na igreja local é o correto ("edificado sobre o fundamento" - 1 Co 3:10-15)? Quando há transformação das vidas ali.

- Ensinar a Bíblia não é igual a ensinar a obedecer. Ensinar a Bíblia não é igual a crescimento espiritual.

- Uma das razões pelas quais as pessoas resistem ao ensino à obedecer é a idéia de que elas não estão tãããããão mal assim, se apegando a coisas como "tem gente na igreja pior do que eu" ou "a igreja já está acostumada com esse tipo de coisa". O ponto é que todas essas idéias são irrelevantes e são reflexo da mentalidade grega à qual nós nos apegamos.

- Não é possível ser cristão sem se meter na vida do outro irmão. Somos uma família e a família se mete mesmo.

- Deus vai sondar o nosso coração com versículos. A Bíblia é a lanterna Dele.

- O mais comum é o cristão vivendo com base em uma cosmovisão secular e ainda querendo que Deus faça sua vida funcionar com essa cosmovisão. Deus não vai fazer funcionar nunca.

- Filipenses 3:10 - o Cabeça sofreu; agora eu devo sofrer pelo Corpo.

- Se os Sem-Terra se instalassem próximo à sua igreja e, pela vontade de Deus, TODOS se convertessem, o que você faria/deveria fazer? Passe por Atos 2:45.

- Eu não posso achar mais que eu toco a minha vida do jeito que eu quero e achar que isso não tem nada a ver com o que faço nas reuniões na igreja. O que eu vivo nas reuniões deve ser um reflexo do que eu vivo durante a semana.

- Atos 2:44-45 não é comunismo, é cristianismo.

- Para viver a vida que Deus pede que eu viva, minha vida precisa estar em ordem. Uma coisa está atrelada à outra.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - parte 5




- Mesmo causando impacto, a igreja tem um caráter "marginal", portanto ela nunca vai "bombar".

- Eu estou alterando o local onde eu vivo? Precisamos sempre nos perguntar isso.

- Ação social não é o carro chefe da igreja, mas ela deve aproveitar esta oportunidade para evangelizar.

- Para a igreja ter impacto, ela precisa se desprender de sua vida.

- Se o cristão passa despercebido por onde ele está, isso é um problema.

- A igreja é essencialmente evangelística e deve investir nisso pois é nessa área que ela tem o seu ponto forte e é onde ela é mais aceita na sociedade.

- O cristão está SEMPRE passando alguma mensagem. A dúvida é: que mensagem é esta que está sendo passada?

- Pra Deus, Evangelho e Igreja é uma coisa só. O Evangelho é o meio pelo qual Deus produz Igreja.

- A Igreja deve colocar todas as outras instituições para cumprir o seu propósito (fazer discípulos), e não o contrário, no sentido de que ela deve trabalhar de modo a mostrar as pessoas que a presença dela na comunidade só traz benefícios para todos ali.

- Compartilhar o evangelho é mais do que entregar um folheto. É entregar uma mensagem e há valor tanto na mensagem quanto no mensageiro que a entrega, por isso é essencial o bom testemunho.

- A conversão foi algo estranho à cultura greco-romana da época do nascimento da Igreja. Continua sendo até aos dias de hoje.  

terça-feira, 4 de setembro de 2012

[Cinema em Casa] O CAVALEIRO DAS TREVAS


(The Dark Knight, Christopher Nolan, EUA, 2008) 

Superados os obstáculos iniciais propostos por Batman Begins, Nolan se lança nesta sequência de forma ousada, testando os limites não só seus como realizador, mas também dos personagens e daquele universo. E o resultado, embora não sendo 100% perfeito todo o tempo, é muito superior ao filme anterior e coloca este O Cavaleiro das Trevas quase no topo da lista dos grandes filmes baseados em HQ.

Se há algo aqui que me impressiona e Nolan é digno de palmas por causa disso, é o fato de que o diretor abandona, pelo menos durante a maior parte do tempo, aquela idéia ingênua do primeiro filme de que Gothan City merece ser salva. Aqui, a idéia é outra: a cidade precisa ser salva. Parece ser a mesma coisa mas não é.

Introduzindo um vilão de peso totalmente desprendido de regras ou de algum código moral de conduta, Nolan simplesmente solta um carro em alta velocidade descendo uma serra em direção à praia e Batman é, em tese, o único freio que pode parar este carro. E nisso, o diretor é extremamente feliz e coloca o seu filme em um outro patamar, mais denso e mais tenso e, da mesma forma que vai se afastando mais e mais do que Burton fez em 1989 e 1992 (o Joel Schumacher não conta), ao mesmo tempo aproxima-se deste em olhar para aquele universo com um olhar cético, deixando o herói sozinho em seu idealismo.

Pra variar, nem tudo são flores. Mandando o David S. Goyer ir ler HQs em outra esquina, Nolan se livra de quase todos os horrorosos diálogos do filme anterior, mas ainda há pérolas aqui, mas são poucas. Não sendo o bastante, a máfia tão ameaçadora, é caracterizada de forma banal com mafiosos que mais geram risos do que medo, talvez pra não ofuscarem a presença imponente do Coringa.

E, como dito acima, por alguns minutos, Nolan se entrega novamente àquela visão ingênua de Begins, na sequência das barcas.

Mas no final das contas, isso não chega a macular o resultado, já que até chegarmos aí, coisas já aconteceram, o Coringa já tocou o terror na cidade e o Batman está finalmente vendo o preço que tem que pagar pela decisão que tomou e decide pagar esse preço. E isso fica evidente na última cena onde o herói já cansado e vulnerável, foge de todos e desaparece na sombra com a pecha de maldito, pois, como bem dito pelo Comissário Gordon (Gary OIdman), “ele não é o herói que Gothan merece, mas o herói que Gothan precisa”. Uma bela maneira de terminar qualquer filme que seja; sendo um filme de super-herói, o desfecho é ainda mais impressionante.

(revisto em Blu-ray)

5/5